A curva de mudança, da psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross (1926 – 2004), é uma metodologia de gestão da mudança que se originou de um estudo com o objetivo de ajudar as pessoas a lidarem com o luto, perdas e traumas. Porém foi adaptado para outras situações de grandes mudanças e tornou-se muito conhecido e utilizado no mundo corporativo.

Devemos observar melhor o comportamento das pessoas ao passarem por mudanças significativas. Cada etapa pode durar um período diferente, e é possível que uma pessoa fique presa em uma etapa específica e não se movimente mais a partir de então.

Kübler-Ross sempre salientou em seus trabalhos que é essencial entendermos que não nos movemos ao longo das etapas em uma direção linear necessariamente como um passo a passo, cada pessoa tende a se mover em estágios em uma ordem nem sempre sequencial, as vezes até voltando a um estágio anterior antes de avançar.

A consciência e o entendimento das etapas do processo de mudança, proporcionam aos líderes a atuação adequada junto a sua equipe, otimizando a velocidade do processo de mudança e consequentemente os resultados operacionais.

Segue abaixo uma representação gráfica das etapas do ciclo da curva de mudança estabelecido por Kübler-Ross, com as respectivas definições e ações sugeridas ao líder em cada etapa do processo:

Etapas do ciclo da Curva de Mudança

 

Negação

O que é: estágio inicial de choque que provoca um sentimento de descrença, pode produzir uma recusa consciente ou inconsciente de aceitar o que está acontecendo. A pessoa ainda não é capaz de digerir que terá de sofrer mudanças e se adaptar a algo novo.

O que o líder deve fazer: cabe ao líder ajudar as pessoas a entenderem por que isso está acontecendo e como ele e a situação podem ser úteis. Este estágio exige comunicação para que as pessoas possam ter pleno conhecimento e possam responder as suas dúvidas. A comunicação nesta etapa dará sentido de propriedade sobre os eventos e promoverá confiança.

 

Raiva

O que é: quando a realidade é aceita, a negação pode se transformar em raiva de si mesmo ou dos outros. O medo do que está por vir e a possibilidade de se perder o status e não conseguir enfrentar as novas situações pode se transformar em raiva e ressentimento.

O que o líder deve fazer: em primeiro lugar, é importante lembrar que a mudança pode ser empolgante para você, mas pode ser aterrorizante para outras pessoas. Este estágio da curva de mudança deve ser encarado com muita serenidade pelo líder porque algumas pessoas tendem a desabafar sua raiva de forma agressiva. O líder deve contribuir para que as pessoas superem os seus medos, promovendo momentos para discutir seus receios e preocupações.

 

Negociação

O que é: esta é aquela fase que, ao percebermos que a bateria do nosso carro está descarregada, começamos a negociar com o carro, para ele ligar, prometendo a ele que tomaremos mais cuidado na manutenção. Quando chegamos nessa fase já passamos pelo “eu não acredito que esse carro não vai ligar” (negação) e já demos 2 tapas no volante (raiva). Neste momento você entendeu que terá de enfrentar o problema.

O que o líder deve fazer: o adulto aprende apenas o que julga ser importante. Neste momento as pessoas começam a compreender a importância da preparação para a nova fase ou o novo normal, portanto o líder deve promover a capacitação das pessoas para que a mudança seja incorporada com sucesso. Nomeie algumas pessoas como multiplicadores e defensores da mudança, eles podem ajudar a responder perguntas e impedir boatos ou “fake news”.

 

Depressão

O que é: esta etapa da curva da mudança existe somente se a etapa de negociação falhou. Neste momento as emoções como tristeza, pesar e perda são afloradas.

O que o líder deve fazer: o sucesso da atuação do líder na etapa de negociação, promovendo a capacitação das pessoas, está diretamente relacionada à existência ou não da etapa de depressão. Nem todas as pessoas ficarão tristes e deprimidas. Vale ressaltar a importância da relação de confiança, portanto sempre cumpra as suas promessas, responda a todas as perguntas e não trate as pessoas ou o problema das pessoas com menosprezo. O líder deve estar atento às pessoas que manifestarem estes sentimentos para oferecer apoio e assistência.

 

Aceitação

O que é: a aceitação ocorre assim que a pessoa percebe que a mudança é permanente, quando ela percebe que lutar contra a mudança não vai fazer a mudança desaparecer, elas renunciam à situação e a aceitam completamente.

O que o líder deve fazer: esta é a etapa onde o líder otimista equivocadamente imagina que ocorrerá logo quando surge a mudança em uma empresa. De fato, muitas pessoas passam por parte ou todas as etapas anteriores muito rapidamente, mas nem todas. É importante o líder ter a consciência que cada pessoa passa pelo ciclo com velocidades diferentes. Nesta etapa da curva de mudança, finalmente as pessoas começam a aceitar a realidade, e a produtividade e criatividade começam a melhorar.  Os líderes começarão a colher os frutos do trabalho realizado até então. É hora de comemorar as vitórias e se apropriar do novo normal.

 

Autor: Rodrigo de Paula | Sócio da VBMC Consultores

 

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